Artigos / Elisabeth Battista

02/02/2022 - 07:45 | Atualizado em 02/02/2022 - 16:36

Uma homenagem a poetiza Marilza Ribeiro que faleceu aos 87 anos

A notícia da morte da poetiza cuiabana Marilza Ribeiro, 87, pegou o cenário literário de autoria da mulher produzida em Mato Grosso de surpresa.

Marilza Ribeiro completaria 88 anos, no dia 27/03. 

Descobriu o interesse pela literatura aos 15 anos. 

Atuou, em sua estreia, como locutora de rádio e colunista de reflexões sociais para “O Estado de Mato Grosso”. 

Poetiza, Pedagoga, Psicóloga, Produtora Cultural, presidiu a Associação de Mulheres de Mato Grosso, atuou ainda como facilitadora de Biodança e desenhista.
 
A autora Mato-grossense foi homenageada na Literamérica (2006), em Cuiabá, capital do Estado. 

Dez anos mais tarde, o seu livro Balaio Amarelo, (2016), sagrou-se uma das dez obras vencedoras, no 1º Prêmio Mato Grosso de Literatura. 

O referido livro foi lançado quando a autora contava com 82 anos, em plena atividade literária. 

Em novembro, do mesmo ano, apresentou ao público seu oitavo livro: “Acordes para uma menina cantar”.

Dentre as outras publicações de Marilza estão: 
“Meu grito: poemas para um tempo de angústia” (1973), “Corpo Desnudo” (1981), “Cantos da terra do sol (1998), 
“A dança dos girassóis” (2004), “Palavras de mim” (2005) e
 “As aves e poetas ainda cantam” (2014).

Pelo reconhecido valor literário dos seus poemas, a sua obra vêm sendo estudada nos meios acadêmicos dos países de Língua Portuguesa, dentre as quais, a tese: 
O tempo na poética de Marilza Ribeiro,  da Profa. Dra. Célia Maria Domingues dos Reis (UFMT), defendida na UNESP, sob a orientação de Salvatore D’Onofre; 
a Dissertação intitulada:
 Dos Frutos às Sementes: A Incidência de Olhares nas Poéticas de Marilza Ribeiro (Brasil) e Ana Paula Tavares (Angola), 
de autoria da Profa. Ms. Idalina Meurer, sob minha orientação, no Programa de Pós Graduação em Estudos Literários – PPGEL/UNEMAT, entre outros.

Há em seu repertório diversos escritos inéditos que estão sendo compilados e organizados para futuras publicações. Entre eles, está o poema “Poética Rural”. 

POÉTICA RURAL

Marilza Ribeiro 

Sou camponesa 
Esparramo pela terra palavras-sementes 
Signos-férteis Brotando como trigais do sentido 
Dourando enunciados 
Minha palavra-poesia 
Fruto e semente 
Rompendo pelos campos 
Turbulência do imaginário
Feito searas 
Enormes safras colhidas 
Pelos olhares com fome 
Do saber profundo 
Palavras-árvores 
Mognos... ipês... aroeiras... oliveiras...Cerejeiras... pessegueiros... mangueiras...
Sou camponesa e jardineira 
Planto em minha roça 
Sílabas, metáforas, frases
 Tudo floresce e frutifica 
Sentindo a memória das raízes 
Escrita enigmática 
Saindo do fundo 
Mais profundo do meu fundo 
Tão fecundo 
Dentro de mim.

O Brasil perde hoje, uma das maiores expressões da Literatura contemporânea produzida por mulheres em Mato Grosso. 

Descanse em paz, Marilza Ribeiro!
Elisabeth Battista

por Elisabeth Battista

* Profa. Dra Elisabeth Battista, Escritora e Docente PPGEL/UNEMAT.
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